Um novo livro de Abel Soares Rosa recorda a forma como a imprensa
portuguesa deu a conhecer o fenómeno gerado pelos fab four entre a
revelação do grupo e inícios dos anos 70
Maria Emília, estudante de Filologia Românica, dizia que o "aspeto físico" do grupo "não é atraente nem recomendável". Para Manuel, estudante de Arquitetura, eram "instrumentos duma vasta máquina de propaganda que desde um Elvis Presley procura impor a essa parte da juventude um ídolo que lhes satisfaça as tendências histéricas".
Maria Emília, estudante de Filologia Românica, dizia que o "aspeto físico" do grupo "não é atraente nem recomendável". Para Manuel, estudante de Arquitetura, eram "instrumentos duma vasta máquina de propaganda que desde um Elvis Presley procura impor a essa parte da juventude um ídolo que lhes satisfaça as tendências histéricas".
Armando, um produtor radiofónico, explicava que "refletem o mais
lamentável sector da época que atravessamos". O padre João reparava que
"estes meninos ingleses" já "não se distinguem das meninas". E Maria
Beatriz, estudante liceal, acrescentava que "o conjunto português de
Gonçalo Lucena (por exemplo) é mais ritmado"... Estas opiniões surgiram a
28 de agosto de 1964 nas páginas da revista Flama. E de quem se falava?
Dos Beatles... Pois este é um entre os vários exemplos de abordagens da
imprensa nacional ao fenómeno que então era gerado pelos fab four, que
se tinham estreado discograficamente em Portugal em novembro de 1963 com
o EP She Loves You. Memórias agora reunidas em Os Beatles na Imprensa
Portuguesa 1963-1972, de Abel Soares Rosa, livro com tiragem limitada
que acaba de ser lançado em autoedição.
A imprensa portuguesa
acompanhava então "o fenómeno do vendaval Beatles sempre com a presença
tutelar da feroz censura", explica o autor ao DN, lembrando que "o mais
frequente era uma certa irritação nacional contra o rock"n"roll e
qualquer outro tipo de libertação". No início dos anos 60, o fenómeno
gerado pelos Beatles era descrito como sendo "decadente, revolucionário,
caótico", sublinhando que havia quem defendesse que "eletronicamente
andavam a explorar as débeis sensibilidades adolescentes".
Sobre o livro,Os Beatles Ilustrados - Os Beatles na Imprensa Portuguesa 1963-1972.
Introdução de Hunter Davies e Luis Pinheiro de Almeida
Um
certo olhar Português das décadas de sessenta e setenta, através de uma
seleção de páginas das revistas e publicações portuguesas da época
sobre os Beatles.
Capa e adaptação gráfica de Duarte Vilardebó Loureiro
Edição limitada- 124 páginas, tamanho A4
Edição limitada- 124 páginas, tamanho A4
Lançamento 16 novembro, 16h Bar VINYL (Frente ao Centro de Congressos Lisboa Junqueira).
Fonte: Diário Dos Beatles
Um ABraço POP a todos os leitores do Blog
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