51 anos atrás os Beatles demitiam Pete Best
8/16/2013 11:19:00 PM
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Provavelmente a demissão mais famosa da história do rock aconteceu em 16 de agosto de 1962. Pouco antes de gravar o seu single de estréia, os Beatles demitiram o baterista Pete Best.
Dois meses antes, o grupo passou um teste para Parlophone Records. Mas, enquanto produtor George Martin gostou do que ouviu, os Beatles estavam insatisfeito com Best. Ele disse que os Beatles que, enquanto eles poderiam usar melhor no palco, ele estava indo para trazer um baterista de estúdio para as gravações. Um outro Beatle, juntamente com o gerente de Brian Epstein, discutiram a situação e decidiu que estava em seus melhores interesses de demitir o baterista. Em 16 de agosto, Epstein chamou Pete Best em seu escritório, para dar a notícia da demissão.
Conhecido em todo Liverpool como "médio, temperamental e magnífico," Best se juntou à Beatles, dois anos antes, quando eles precisavam de um baterista para sua próxima residência em Hamburgo. Sua audição foi, literalmente, um dia antes de irem para a Alemanha. Mas a sua personalidade nunca se encaixou bem com os Beatles, inclusive quando se recusou a adotar o "corte Beatle", que viria a ser famoso.
Best foi o Beatle mais popular com a sua base de fãs do sexo feminino e mantido por muito tempo que ele foi demitido porque eles estavam com inveja de sua aparência. Mas quando cinco músicas do Beatles no "Decca Audition", revelou Pete para a do que tocar bateria - tanto em termos de sua pontualidade e criatividade - foi inferior ao seu substituto. Ringo Starr se juntou ao grupo logo depois.
Dia 16 de agosto de 1962. Há exatos 51 anos, um acontecimento transformou para sempre a vida do baterista Randolph Peter Best, mais conhecido como Pete Best: ele recebeu a notícia de que estava demitido da banda na qual tocava há aproximadamente dois anos. O trauma se tornaria ainda maior nos anos seguintes, quando o grupo do qual foi dispensando aos poucos se transformou em um dos maiores fenômenos mundiais de todos os tempos: os Beatles.
O motivo de sua saída? O próprio Pete diz não saber. "Eu fui demitido e nunca foi me dada uma razão", afirma. Justamente por isso, ele diz não se arrepender de nada do que fez no período em que esteve com a banda. "Eu não tive escolha. Caso pudesse voltar no tempo, sequer consigo pensar em algo que eu poderia fazer diferente."
As afirmações foram feitas pelo baterista em entrevista exclusiva ao SRZD. Antes mesmo de começar a responder, ele se mostrou entusiasmado por conversar com um veículo do Brasil, onde esteve em três ocasiões. "Isso será muito interessante. Pode disparar", brincou.
Para Pete, nada explica sua saída: 'Eu era melhor que Ringo Starr'
A notícia da demissão foi dada pelo empresário da banda, Brian Epstein. A explicação, não. Só o que ele ficou sabendo foi que os colegas John Lennon, Paul McCartney e George Harrison decidiram que ele não faria mais parte do grupo. Pete não acredita que o motivo seja técnico, e chegou a afirmar que seu estilo era copiado pelos demais bateristas de Liverpool. Perguntando se ele se considerava um músico melhor do que Ringo Starr, que viria a substituí-lo, Best é objetivo: "Sim, eu era melhor".
Outra teoria aponta que a dispensa se deu porque Pete seria mais popular entre as fãs, o que deixaria os demais, principalmente Paul, com uma boa dose de ciúme. "Não sou eu que tenho que dizer se é verdade, mas se por acaso for, que coisa mais estúpida", critica.
Best refuta todas as outras possíveis razões para sua saída, como a de que ele teria sido dispensado por falta de comprometimento, já que afirma ter perdido "somente quatro apresentações ao longo de dois anos". Muito tempo depois, um outro Beatle reconheceria que a demissão foi um erro, pelo menos da forma que aconteceu. "Colocamos o produtor para fazer o trabalho sujo. Fomos covardes", diria Lennon já no auge da fama.
Antes, quando John e Paul eram ainda rapazes gravando suas primeiras canções, Best estava sempre por perto, e conta um pouco do que pôde observar nos primeiros anos da famosa dupla Lennon/McCartney: "Os dois eram muito próximos, principalmente por conta da parceria nas composições. Eu não podia prever que eles se tornariam dois dos maiores músicos do mundo, mas também não foi algo que me surpreendeu", revela. E ele não se esquece do outro parceiro: "Quando digo isso, não estou me referindo só a John e Paul, mas também ao George", a quem Pete se refere como um "gênio".
Outro fato que Pete diz que não podia prever era que aquele pequeno grupo, que no começo tocava no clube Casbah, de propriedade de sua mãe, Mona Best, em menos de uma década se tornaria um estrondoso sucesso mundial. "Eu até imaginava que nós seríamos grandes no Reino Unido, mas o que aconteceu em seguida, nenhum de nós poderia esperar. Era o nosso sonho se tornando realidade", conta. Devido à sua demissão, porém, ele não pôde vivenciar essa conquista.
'Uma vez Beatle, para sempre Beatle': da depressão à esperança
O que aconteceu em seguida com os Beatles, o mundo inteiro sabe: 13 álbuns gravados, mais de 200 canções lançadas e pelo menos 600 milhões de discos vendidos. Já o que aconteceria com o primeiro baterista da banda, muitos jamais teriam conhecimento: Pete passou um tempo recluso, ficou deprimido e chegou a tentar suicídio por asfixia, ao ver que sua antiga banda se tornara um fenômeno internacional.
Convencido pela família a continuar vivo, Best chegou a trabalhar como funcionário público e até mesmo como padeiro. Somente nos anos 80 ele retornaria à carreira de músico, tocando na sua "Pete Best Band", com a qual segue até os dias de hoje.
Mesmo tendo um novo grupo, para sempre o músico será lembrado como um dos meninos de Liverpool. E ele se orgulha disso: "Uma vez Beatle, para sempre Beatle", brinca. Ele se diz feliz por ser "uma das únicas seis pessoas do mundo que podem ser chamada assim", se referindo também a Stuart Sutcliffe, primeiro baixista da banda que morreu ainda nos anos 60, vítima de um aneurisma cerebral pouco após deixar o grupo.
Apesar de jamais ter sido procurado pelos demais integrantes desde que foi dispensado, há mais de 50 anos, Pete não demonstra mágoa, e diz acreditar que seu caminho possa voltar a se cruzar com o do único parceiro de banda que ainda não morreu, Paul McCartney. Com relação a Ringo, que também está vivo, Pete diz não fazer questão de ter contato, já que não chegou a ser seu colega. Já George morreu de câncer em 2001, enquanto John foi assassinado em 1980.
Dez anos antes, inclusive, Lennon eternizou uma frase dita após a separação do quarteto: "O sonho acabou". O baterista, porém, ao ser questionado se gostaria de tocar uma vez com McCartney, dá um novo contorno à frase, e afirma que ainda tem esperança. "Por que não? Fico só esperando uma ligação do Paul", admite. Para Pete Best, o sonho não acabou.
Fonte: Ultimate Classic Rock e Sidney Rezende.com