Mas a bilheteria pagou o cachê de Paul? "Eu teria 80% das minhas despesas que são pagas com a bilheteria, mas 20% eu teria que ter de apoio de patrocínio para fechar essa conta, e isso é o que não acontece em Minas Gerais", diz. "As marcas investem no litoral, no Rio de Janeiro, em São Paulo, mas elas não investem em Minas".
A relações públicas reclama, ainda, da ausência do governo. "Se pensar que, num show de Paul, serão 60 mil pessoas no estádio, por que o governo não pode entender isso como um momento de comunicação e interagir com a população?", questiona.
É por essas e outras que Márcia Ribeiro diz que, todos os dias, se deita querendo desistir. Depois, acorda acreditando que vai ter êxito. É lógico que a Nó de Rosa tem produtos com menor risco, com chance de a conta fechar mais rápido. A empresa mineira está há dez anos no mercado nacional. "Fizemos uma média de 20 shows por ano e cerca de 40 eventos empresarias em 2012", calcula. Márcia diz que, até janeiro de 2014, a Nó de Rosa realizará de três a quatro shows internacionais de médio a grande porte em Belo Horizonte.
Quando decidiu montar o próprio negócio, Márcia Ribeiro tinha uma certeza, a de atuar na produção de eventos. "Toda vez que eu contratava uma produtora de eventos, eu não era feliz com aquilo que me entregavam, e nasceu esse desejo de abrir a Nó de Rosa".
O grande salto da empresa aconteceu há cerca de quatro anos. Foi exatamente com os eventos internacionais - o Cirque Du Soleil foi um deles. "Coincide com o momento em que o Brasil começou a ter uma visibilidade diferente no cenário internacional e grandes crises se iniciaram na Europa".
Para Márcia Ribeiro, a trajetória de sucesso da Nó de Rosa aconteceu desde o primeiro espetáculo, produzido no Palácio das Artes, na capital mineira, com ingressos esgotados, numa temporada de quatro dias. Foi a peça "Tio Vânia", um clássico do russo Anton Tchecov, interpretada pelos atores globais Débora Bloch e Diogo Vilela, em 2003.
Minientrevista
"Fazer tem sido quase um ato de aventureiro"
Márcia Ribeiro
Fundadora da Nó de Rosa
O que faz a Nó de Rosa e equipe terem a certeza de público, ou é sempre um risco esse mercado?Minas Gerais ainda não faz parte desse circuito em que as marcas patrocinam. Fazer tem sido quase um ato de um aventureiro, e não um ato de um empresário sensato. Não temos ajuda do poder público como tem no Rio de Janeiro, em São Paulo e em todas as capitais.
Como vocês conseguem bancar um artista?
Tivemos inúmeros prejuízos que o público sai achando que foram um sucesso. Bob Dylan esgotado foi um prejuízo que a gente bancou, Lauryn Hill foi um prejuízo, Guns N Roses foi prejuizo. O público sai extasiado e sentindo-se feliz porque Belo Horizonte está sendo inserida, mas a conta quem está bancando somos nós.
E ainda tem o imposto sobre o ingresso, uma realidade nefasta no Brasil?
Não existe um diálogo. Aliás, um Estado que não tem uma pasta para discutir eventos, porque, quando se fala de secretaria de Cultura, está se falando de fomento para alavancar a cultura regional. Nós estamos falando de outra coisa, de entretenimento, que traz receita para o Estado, que movimenta toda a economia da cidade e que deveria ter uma interlocução nesse sentido.
Fonte: O Tempo