Como
funciona a sua seleção de repertório para as turnês? Você tem mais de
50 anos de músicas para escolher. Certamente muita coisa fica de fora.
Você sofre fazendo isso?
Não
é ruim, é um processo meio interessante. Eu começo pensando: "Se eu
fosse a esse show, o que eu gostaria de ouvir a banda tocar? O que eu
gostaria de ouvir o Paul cantar?" Começo com essa lista, e há algumas
canções que são meio óbvias. Eu provavelmente gostaria de ouvi-lo cantar
"Let It Be"... Esse tipo de coisa. Então existe essa lista das que você
não poderia deixar de fora. E aí surge uma segunda lista, de coisas
novas que podemos fazer para surpreender a plateia, para manter as
coisas frescas. Misturamos essas duas listas. E aí tem uma terceira
lista, que tem as músicas que nós gostaríamos de tocar, sabe? Sem nos
importarmos com o resto, as coisas das quais simplesmente gostamos.
Juntamos tudo isso e ensaiamos todas as músicas que escolhemos, e às
vezes os caras da banda dizem: "Oh, talvez devêssemos tentar esta
aqui..." Todos podemos sugerir. Depois dos ensaios, vemos quais
[músicas] ficaram melhores. Normalmente somos eu e o nosso cara dos
teclados, Wix, que é o nosso DM, diretor musical. Na reta fi nal dos
ensaios, nos sentamos e vemos qual será o set list e o escrevemos. No
último dia de ensaio, tocamos esse repertório para que cada um saiba
qual
guitarra [usar], para que os caras da técnica saibam o que está acontecendo. E é assim que fazemos!
Houve uma fase, no começo dos anos 70, quando você não tocava músicas dos Beatles com o Wings...
[Interrompendo] Sim, é verdade.
Como era tocar só músicas novas para um público que talvez estivesse esperando sucessos dos Beatles?
É,
bem, foi... Foi muito bom porque determinamos essa regra, já que
estávamos tentando estabelecer algo novo com o Wings. Eu queria, antes
de tudo, fazer com que o Wings tivesse sucesso por mérito próprio. Eu
não queria usar as músicas dos Beatles, queria que tivéssemos uma
identidade particular. Depois que conseguimos isso, por volta de 1976,
depois do Band on the Run, me senti mais confortável. Mas, sim, você
percebia que a plateia gostaria que você tocasse músicas dos Beatles. Só
que eu achei que essa seria uma saída fácil e não queríamos fazer isso
com o Wings, então criamos a regra para, mais tarde, podermos começar a
tocar faixas dos Beatles. Como já fi z isso [no passado], é muito
libertador poder fazer o que eu quiser hoje, posso escolher qualquer
música. Provei algo.
Por
falar em tendências, parece que existe uma nova nas turnês: o Roger
Waters está fazendo uma do The Wall (1979), os Rolling Stones já falaram
sobre fazer uma do Exile on Main Street (1972). O que você acha disso?
Faria algo do tipo?
Quer
saber? Eu não me interesso por isso. Já me perguntaram se eu faria o
Band on the Run. E eu toco muitas músicas dele, mas... Não sei, sinto
que se eu tocasse só esse disco seria uma apresentação interessante, mas
haveria tantas músicas que eu teria de deixar de
fora
e... Eu não gosto de colocar essa pressão em mim mesmo. Não é uma ideia
que me interessa o bastante porque a acho um pouco restritiva. Gosto de
poder escolher o que me der na telha, o que eu quiser tocar. Mas acho
que faremos algumas coisas agora, com o relançamento de Band on the Run.
Acho que tocaremos mais canções do disco. Só que a ideia de tocar só
esse álbum... Não sei. Se os Stones tocassem só o Exile, seria uma noite
divertida - mas eu provavelmente ficaria meio decepcionado por eles
não tocarem "Honky Tonk Women" ou "Satisfaction". Sabe? Eu gostaria de
ouvilos tocar essas músicas também.
Tenho
uma teoria: se você quisesse, poderia passar o resto da vida sem ter de
trabalhar, vendendo autógrafos. Com um
por dia, você ganharia cerca de
mil dólares a cada 24 horas. Seria só rabiscar um papel, simples assim.
Não é um pensamento assustador?
Sim,
pense em fazer apenas isso para o resto de sua vida. Quero dizer, como
seria tedioso... Entendo o que você quer dizer, mas não dá para pensar
assim. Isso passa pela sua cabeça uma vez, você pensa: "É, seria
incrível". Mas na verdade não é algo que você gostaria de fazer. Eu amo a
música! Música é o que me deixa feliz. Conheci alguém ontem que
explicou isso muito bem, ela disse: "Eu não conseguiria respirar sem
música". Achei muito legal, disse que entendia o que ela queria dizer.
Acho isso muito verdadeiro e acho que muita gente sente isso. É algo
mágico que os humanos desenvolveram, é muito especial para muita gente. É
algo que cura. Uma das coisas de que mais gosto é quando me encontro
com alguém e a pessoa me diz: "Eu estava doente e escutei a sua música,
que me fez melhorar". Penso: "Uau! Que legal".
Comentário: Que "trabalho" deu para escolher o setlist das últimas três turnês Hein ??
Fonte: Comissão do Rock
Confira como o Paul McCartney seleciona o "Setlist" das turnês
3/30/2013 02:49:00 PM
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Gostei muito do seu blog, mas teria como alterar este fundo escuro (atrapalha a leitura).
ResponderExcluirAltero sim, pode deixar. Se ver as matérias desse ano estão sem esse fundo preto e tal, a matéria que comentou é de outra época. Arrumarei ela
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