Arnaldo Dias Baptista
nasceu em 06/07/1948, em São Paulo, filho da pianista, concertista e compositora Clarisse Leite Dias
Baptista, e do jornalista, poeta e cantor lírico César Dias Baptista. O multi-instrumentista,
compositor, escritor e artista visual, ao longo de sua adolescência fez parte
de várias bandas, até formar Os Mutantes com Rita Lee e seu
irmão, Sérgio Dias. Após sua saída em 1973, lançou sua carreira solo com o
aclamado disco Loki? (1974), e no ano
seguinte formou o grupo Patrulha do
Espaço e
ficou até 1978. Em 1981, lançou o Singin' Alone e fez o show Shining Alone que só foi lançado
em 2013. Em 87, lançou pelo selo Baratos Afins, o Disco Voador, gravado em sua casa. Em
2004, produzido por John Ulhoa (Pato Fu), lançou o álbum Let It Bed. Além dos discos, das
bandas paralelas e turnê do Mutantes entre 2006 e 2007, Arnaldo fez algumas
exposições e publicou alguns livros. Arnaldo faz sua expressão psicodélica,
orgânica e sincera de forma múltipla.
O que há depois de Loki? É o que a super banda formada por Charly Coombes (teclados), Eduardo Barreto (baixo), Pedro Leo (bateria) e Rodolfo Krieger (guitarra), para o show de homenagem respondeu no domingo. O espetáculo foi feito através da direção musical de Rodolfo e contou com a participação de China, Hélio Flanders, Karina Buhr e Lulina.
O grupo revisitou diversos momentos da carreira de Arnaldo e mostrou como se faz uma
homenagem: além da guitarra e baixo serem Gibson, o amplificador era valvulado
e todos ali eram fãs que cresceram ouvindo e tiveram influência direta de
Arnaldo em suas carreiras. Tudo ali foi feito de alma e coração e não poderia ser
menos que isso, já que o mestre ficou sentado na primeira fileira, assistindo
tudo, com sorrisos, batendo palma e até mesmo cantando baixinho suas próprias
criações.
Para os fãs do psicodelismo, progressivo e dos valvulados, ele é a maior
referência nacional. Arnaldo possui uma experiência vasta em expandir a mente
da pessoas com sua música; é uma viagem interestelar sem sair do sofá. E
presenciar uma apresentação sua, é de um privilégio imensurável.
Sarau o Benedito?
Foi uma mini-temporada de 3 dias, que ocorreu entre os dias 17 e 19 deste mês e teve
como intuito, fazer Arnaldo revisitar sua obra em uma apresentação solo,
cantando e tocando um piano de cauda enquanto suas obras eram projetadas como
vídeo cenário. Cada dia de espetáculo teve entrada gratuita e a presença de 120
pessoas - das mais variadas faixas etárias -, que era o limite do hall da Caixa
Cultural.
Acompanhamos o segundo dia de show, no dia 18, e novamente, ver
Arnaldo em ação é uma coisa de outro mundo. Tudo fluía de acordo com
a vontade dele, claro que ele já sabia algumas músicas que ia tocar no dia, mas
ele adicionava trechos de músicas clássicas que se mostravam na hora para ele,
assim como arriscava em fazer rimas, conforme isso surgia em sua cabeça.
O setlist contou com clássicos de sua carreira como Cê Tá Pensando
Que Eu Sou Loki?, Eu Não Estou Nem Aí, Jesus Volte Até a Terra, Ai Garupa,
Everybody Think I'm Crazy, Uma Pessoa Só, Balada do Louco, Será Que Eu Vou
Virar Bolor?, Hoje de Manhã Eu Acordei, I Fell in Love One Day, Trem, Sentado
ao Lado da Estrada, Te Amo Podes Crer e Posso Perder Minha Mulher, Minha Mãe,
Desde Que Eu Tenha O Rock And Roll. Isso já mostra o quão extenso o show pareceu ser,
já que teve apenas uma hora de duração. Arnaldo nos fez viajar no espaço-tempo,
entramos em sua realidade e tudo pareceu um belo sonho repleto de amor. Aliás,
Arnaldo tem feito isso há muito tempo: ele espalha amor por onde passa.
Arnaldo Baptista. Foto por: Adrina Aranha |
Além desse repertório extenso de sua carreira, ele ainda homenageou alguns
cantores que o marcaram através das canções Jamaica Farewell, Blowing
in the Wind, Bring It On Home To Me, Cry Me a River, Rocket Man, Yesterday,
Summertime e House of the Rising Sun.
Arnaldo brincava com seu
piano durante o espetáculo, se divertindo e entretendo a todos. Às vezes emendava uma música a outra, sem dar espaço para os
aplausos que seguiam religiosamente no final de cada canção. E ele ainda se
surpreendia quando os aplausos vinham, sorrindo sinceramente - e até ficando sem
jeito - agradecido pelo amor do público que recebia. Com um piano supostamente
não dá para se fazer um show de rock, mas Arnaldo talvez pode ter provado o
contrário.
Depois da apresentação, os fãs ainda foram atendidos por ele, podendo tirar uma
foto, pegar um autógrafo ou simplesmente abraçá-lo e agradecer por tudo que
fez, já que ele mudou o jeito de fazer música desde 1967.
Homenagem: Todos Juntos Reunidos Numa
Pessoa Só
O que há depois de Loki? É o que a super banda formada por Charly Coombes (teclados), Eduardo Barreto (baixo), Pedro Leo (bateria) e Rodolfo Krieger (guitarra), para o show de homenagem respondeu no domingo. O espetáculo foi feito através da direção musical de Rodolfo e contou com a participação de China, Hélio Flanders, Karina Buhr e Lulina.
Foto por: Adriana Aranha. |
A performance começou de maneira explosiva com The Cowboy, apenas com a banda e
Rodolfo assumindo os vocais e a posição de frontman. Apesar do visível e
avisado nervosismo de todos, a apresentação foi impecável do início ao
fim. Lulina foi a primeira convidada e
cantou, de maneira recatada porém com sua voz docemente poderosa, Hoje
de Manhã Eu Acordei e Tacape.
Já China trouxe uma atitude agitadíssima, digna de um show de
rock and roll e cantou Ciborg e Corta Jaca. Não
contendo a animação, durante a segunda música, sentou ao lado
de Arnaldo e cantaram o refrão juntos, animando bastante o público.
Rodolfo
voltou a assumir os vocais para cantar Sexy Sua, antes de Karina
Buhr (aniversariante do dia) subir ao palco e receber os parabéns da
plateia. Trem e Raio de Sol foram as
escolhidas dela, conquistando a todos com sua energia.
Seguindo para o final, o último convidado, Hélio Flanders entrou para o momento mais emocionante e intimista de todos, para
cantar I Fell In Love One Day e Jesus Come Back To
Earth. As canções contaram apenas com os teclados de Charly e o trompete de
Hélio, e foi incrível perceber Arnaldo durante a apresentação, pois ele não
tirava os olhos do teclado de Charly, totalmente encantado com a precisão do
músico. A voz intensa de Hélio deixou todos deslumbrados.
A última
escolha foi Sunshine cantada por Rodolfo e Hélio, encerrando o
espetáculo de maneira gloriosa, fazendo todos se levantarem e cantarem "eu
vou voltar pra Cantareira", quando os músicos fizeram o mashup com "Será
Que Eu Vou Virar Bolor?". Aplaudidos de pé, a banda não voltou para o bis, energicamente solicitado
pelo público que foi conquistado pela perfeita combinação de integrantes que ela trouxe.