"NEW": O álbum estilo Paul


 Quando começam os boatos, as esperanças ressurgem. Ainda em 2012, foi ventilado na mídia que Paul McCartney estava trabalhando em um álbum novo. Ao ouvir, ler, ver e reproduzir tal notícia, seus fãs ficaram ansiosos pela confirmação. E ela veio. O Sir estava mesmo em um estúdio, com 4 produtores trabalhando em músicas inéditas. Mas a pergunta ficava: “Um cara de 70 anos consegue fazer um trabalho digno de um Beatle?” Parece que todos, inclusive os fãs, esquecem o significado de ser um Beatle. Ser membro do Fab Four (sim, eles ainda são membros), significa ter sempre lenha pra queimar e dela fazer uma enorme fogueira. Claro, trabalhos contestados vieram, mas nunca a qualidade deles foi colocada em questão, apenas seu estilo, ou relevância na carreira deles. E como questionar os de Paul? O cara fez absolutamente tudo que lhe deu teve vontade, tudo com primor e uma dedicação incomparável, como se fosse seu primeiro e último trabalho. 

O resultado nem sempre agrada a todos, mas ele não liga. Faz música porque gosta, começa um trabalho porque acha que vale a pena, e se satisfaz com a opinião de quem realmente entende seus propósitos. Com “New” não é diferente. O título ser “Novo” não é atoa. O velho Beatle se renovou, sem estar diferente ao mesmo tempo. Suas músicas têm novas tecnologias, mas sem exagerar nos recursos eletrônicos. Sua voz não está nem perto de ser aquela de “1985” ou de “Monkberry Moon Delight”, mas também está muito longe de ser considerada fraca. As melodias são perfeitas para cada letra, que por sinal foram escritas com o jeito McCartney de ser: letras com sentido, que relatam histórias ou situações, emoções ou pensamentos, opiniões ou sugestões. 


A faixa-título diz muito do álbum. Uma balada com uma letra fácil, melodia embalante e extremamente viciante! Ao ver o álbum, nota-se de cara 3 músicas de muita inspiração do Sir: “Queenie Eye”, uma música muito otimista e contagiante, onde Paul conseguiu fazer um belo Rock com a história de uma brincadeira que jogava quando era criança; “Everybody Out There!”, feita para ser tocada ao vivo que não decepcionará nos shows; e “Save Us”, um rock de primeira, como Paul está mais que acostumado a fazer, além de um Riff que bandas atuais como Strokes com Arctic Monkeys gostariam de ter criado. Por tudo isso, “New” pode ser considerado inovador e ao mesmo tempo um resumo da carreira de Paul. Suas maiores qualidades e seus novos conhecimentos a respeito da música são expostos e maravilhosamente reunidos em 14 faixas. 

Dando um resumo aos estilos do álbum podemos perceber que Paul McCartney "bebeu" de cada momento de sua carreira ou de sua vida, por isso digo que é o álbum estilo Paul. "Save Us" lembra sua vida mais rocker, dentro dos Wings; "Alligator" se encaixaria perfeitamente no disco Revolver ou Rubber Soul; "Early Days" é o tipo de música que poderia perfeitamente ser de discos como "Tug Of War", "Flaming Pie" ou o emblemático "Chaos and Creation in the Backyard", há quem diga que  faixa título do álbum "New" pode ser considerada irmã da música "Penny Lane", composta na época dos Beatles.

Outras músicas do álbum mostra uma renovação de Paul, que soa estar na plena juventude. Paul, que gosta de experiências e se reinventar, criou músicas dentro deste disco que também poderiam ser de um disco do seu projeto "The Fireman" e estar presente em baladas eletrônicas. São elas "Appreciate" e "Looking At Her", que pra mim é uma das melhores faixas do disco e ainda tem balada, como "Scared" - "I'm scared to say I love you- música feita para sua esposa Nancy, assim como outras canções do disco

Ao ouvir o álbum, a impressão que eu tive é que Macca ainda está com seus 26 anos e o mundo ainda se surpreende com seus feitos. Sentimento comum quando se fala de uma pessoa atemporal. Outro dia me perguntei se meus filhos ainda se interessarão por sua música. Ouvindo “New” tive certeza que sim, pois em 2063 esse álbum ainda será atual e já será considerado um clássico comparável a “Abbey Road” e a “Band On The Run”. Quanto tempo de vida Paul McCartney ainda terá? Mais quantos shows ele fará? Quantos álbuns mais conseguirá lançar? Só o tempo dirá. Mas sua música ainda tem séculos e séculos de vida. Agora nos resta esperar pelo próximo novo trabalho do velho "novo" Beatle.

Valeu Macca! See you next time!

Texto: Murilo Pappini Couto e Elio Sant'Anna 

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1 Comentários
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  1. o cd ta excelente!!! sinto um pouco de wings como mull of kintyres em uma das musicas e um pouco de paul solo estilo 2000... vale a pena ter esse album, assim como o paul, ele eh impar!!! <3

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